Precisamos de boas notícias e boas políticas, por Luiz Paulo

Precisamos de boas notícias e boas políticas, por Luiz Paulo

 

Quero saudar os que fazem a transmissão deste dia na linguagem de libras, trabalho extremamente relevante para levar a nossa voz e nossos debates àqueles com deficiência auditiva.

Muitas notícias ruins e tristes

Dou início a minha fala registrando aqui que, infelizmente, só temos notícia ruim e triste. A cada dois, três dias, verdadeiras barbaridades acontecem em nosso país, estado e cidade. Acaba de acontecer um crime bárbaro contra o congolês Moïse, uma chacina em plena via pública. Não podemos e não ficaremos calados. Ontem, foi, inclusive, feita moção de protesto, de repúdio e de apuração e prisão dos culpados, mas a sociedade não pode achar que isso é normal; é barbárie.

A violência urbana

Ao ver a propaganda do governo na televisão, gastando dinheiro público em publicidade, e afirmando que avançamos no turismo, lembro que esse linchamento é fato grave o suficiente para gerar afastamento do turismo, além de ser desrespeito a toda política que existe no Brasil de abrigar refugiados. Foi um crime hediondo contra o congolês Moïse, que saiu da violência da guerra para morrer aqui no Rio de Janeiro em plena Barra da Tijuca, causada pela violência urbana em que o nosso país vive.

Falta de políticas públicas gerando catástrofes

Saindo da cidade do Rio de Janeiro e indo para São Paulo, observamos que as chuvas, que já tinham castigado a Bahia e Minas Gerais, soterram e matam 19 pessoas na região metropolitana. Isto se repete todo o verão. Alternam-se cidades ou estados, mas é sistemático. Quando acontece, todo mundo vem a público dizer: “Não podemos permitir que se ocupem as áreas de risco”. Mas quais são os programas habitacionais? Qual a política preventiva contra os sinistros? Onde há política de contenção de encostas?  E política de analisar os riscos geológicos e geotécnicos das nossas encostas? Ninguém se mexe nessa direção.

A cratera da obra do Metrô de São Paulo

Ainda em São Paulo, uma grande cratera da obra do metrô atinge a via Tietê, tirando parte dela de circulação. Felizmente, não matou ninguém. Isto é um absurdo, uma imprevisibilidade total! A engenharia não admite sinistro como esse.

A estação inacabada da Gávea

Aqui na Gávea, há a estação inacabada do metrô que se arrasta sem solução desde o governo Cabral, na qual pode acontecer o mesmo da noite para o dia, com dimensões seríssimas, porque está em torno de área habitada e num acesso à Pontifícia Universidade Católica, a tradicional PUC. 

A situação caótica do transporte público

Enquanto isso, o governador diz ter 17 bilhões para investir nos próximos três anos. Está aí algo inacabado, em risco de acidente e provocado por quem? Pelo próprio estado e a corrupção que nele se instalou através das obras públicas. Mas há ainda mais. A deputada Lucinha já expôs aqui a situação caótica da SuperVia, no sentido de atendimento aos passageiros que demandam a Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro e a nossa Baixada Fluminense. Da noite para o dia, se fecha uma estação e se deixa as pessoas sem solução, e muitas vezes elas não têm dinheiro para voltar para casa. Precisam aguardar duas, três horas para o sistema voltar. A tarifa sempre em ascensão e a qualidade do serviço sempre decadente. 

E o governador anuncia os 17 bilhões para investir em três anos. Cogita nova linha de metrô, quando não consegue fazer funcionar nem a ferrovia, que passou a ser a melhor possibilidade possível de transporte, visto que seus concorrentes predatórios, os ônibus, entraram em colapso. 

Não seria a hora do governador sentar-se com o Ministério Público, a Defensoria, a concessionária e impor obrigações a essa concessionária? Até subsidiar para não haver aumento de tarifa, porque, com o sistema de ônibus colapsado, só sobra o sistema sobre trilhos! O sistema sobre trilhos é metrô e trem. E o trem é que tem mais polaridade e atende à Zona Oeste e à Baixada. É uma área de conflito permanente. O trem tinha metas ambiciosas de estar transportando 1,2 milhão de passageiros por dia. Mas não cumpre mais horário, anda lotado no horário do pico. Tudo isso precisa de solução imediata. Não basta dizer que existem 17 bilhões de reais para investir nos próximos três anos. A população precisa das melhorias agora.

O desprestígio de parlamentos e poderes executivos  

Devido a isso, destaquei que há muita notícia ruim, fora o despreparo político dos nossos governantes. Político no sentido ético, da responsabilidade, do zelo pela coisa pública. Por tudo que citei, estamos com inversão de poder horrorosa: o parlamento desprestigiado – e não falo de um específico nem da Alerj -, o parlamento brasileiro está desprestigiado; os poderes executivos, com as exceções que, evidentemente, existem, metendo os pés pelas mãos, principalmente o presidente da república. 

A consequente ascensão do poder judiciário criado para julgar

E qual é o poder que dá as cartas? O único que não deveria: o poder judiciário, criado para julgar, e não para decidir o que os governantes vão fazer.  Mas é isto que acontece nos tempos atuais, ou seja, tudo invertido. Precisamos sair desse caos horroroso em que estamos vivendo.

Por tratar-se hoje da abertura dos trabalhos legislativos, resolvi trazer esta reflexão. A população precisa de boas notícias, de boas políticas. Já basta ainda termos que conviver – e parece-me que ainda durante algum tempo – com essa pandemia horrorosa da Covid-19, com variante muito mais contagiosa como é o caso, nos tempos atuais, da Ômicron.

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