Do gentil Álvaro da Camélia aos militantes do ódio, por Luiz Paulo

Do gentil Álvaro da Camélia aos militantes do ódio, por Luiz Paulo

Quero dizer o quanto é justa a homenagem que vai ser feita ao Alvinho da Camélia, filho do Álvaro da Camélia, figuras – símbolo da cultura – e vou me permitir dizer – carioca, porque transcendem a fusão. Álvaro da Camélia começa em 1975, com a fusão. Então, fazer essa homenagem é absolutamente justo, correto, digno, porque são pessoas, além de extremamente gentis, que nos permitiram, ao longo dos anos, apreciar com mais tranquilidade as flores, presentear aqueles por quem temos afetos com flores. E fez com que essa cultura se disseminasse na nossa cidade, ao ponto de que muitos outros bairros passaram também a adotar esse tipo de cultura, de a flor estar presente como forma de agrado, de gratidão a todos aqueles por quem temos afeições.

Os militantes do ódio conclamaram a Prevent Senior

Aproveito o ensejo para lembrar do Projeto de Lei 2498/2000, que foi votado no plenário virtual da Alerj na quarta-feira, 14 de maio de 2020. Dizia eu, naquele momento, que, durante a votação, fui duramente atacado por militantes do ódio, que me chamaram de canalha, idiota e velhote irresponsável – aliás, considero um elogio ser velhote irresponsável. Foram alguns dos adjetivos que recebi. Isso, além de conclamarem a Prevent Senior a me processar, porque teci aqui duras críticas, em maio de 2020, e encaminhei a votação contrária ao projeto de lei do deputado Márcio Gualberto que, naquela época, pretendia que dobradinha, muito defendida principalmente pelos bolsonaristas, com implementação de protocolo específico para combater a Covid, e que associasse a cloroquina com azitromicina. 

Voto contra falta de embasamento científico

Naquela oportunidade, votei contra e encaminhei contra, porque verifiquei que, em primeiro lugar, nem a cloroquina nem a azitromicina tinham embasamento científico para sustentar protocolos. Nós, do parlamento, não temos nenhuma autoridade para querer dizer aos médicos o que eles devem ou não prescrever, porque, acreditamos na sabedoria deles, mesmo que, às vezes, aconteça de falharem, como todos os seres humanos, mas não compete a nós, que não entendemos nada de medicina, preceituar receituário. Isto aconteceu em 14 de maio de 2020. 

Passa o tempo e desmonta-se a falácia

Já se passou mais de um ano. Hoje, não existe mais nenhuma dúvida de que esses protocolos adiantassem alguma coisa para minorar esta terrível doença. E aqueles até que tomaram e se curaram, se curaram por força da capacidade do seu organismo de reagir de forma ponderada, não com excesso, e debelaram a doença. Chamo a atenção, porque, nesse exato momento, estive no meu gabinete e estava lá um debate na CPI da Covid sobre este tema. E falei: já vi esse filme, já debati isso, já me posicionei. Parece que está sendo redescoberta a pólvora. E parei de discutir o tal tema aqui, porque ficou tão ideologizado que não adiantava mais. 

Ideologia e paixões andam lado a lado

Onde entra a ideologia, acabam entrando as paixões. E paixão é paixão, não passa pelo crivo da razão. Eu sou flamenguista, e, logo mais, quando começar o jogo, vou ficar tenso ao extremo, não converso com ninguém, não como, fico ali vendo o jogo torcendo para o Flamengo. E, quando acaba o jogo, falo assim para mim: cadê sua racionalidade? Porque não era para ficar tenso, não era para estar tomado pela paixão, mas somos seres humanos e paixão é paixão, mas não acho que paixão tenha a ver com razão.

Uma vez aqui defendi, fui até vaiado, que não devia se vender bebida nos estádios de futebol, e fui vaiado. “Parece que o senhor nunca bebeu”. Não, gosto até de uma cervejinha, mas num lugar onde domina a paixão, a bebida extrema a paixão, então, não vale a pena. Bebam depois fora do campo de futebol. Trago isso à tona só para rememorar esses momentos pretéritos, para realçar que até ser insultado fui, porque defendi que não deveríamos seguir esse protocolo e que deixássemos para os médicos a sua capacidade de fazer as prescrições.

O que vence é nossa cultura da vacina

De lá para cá, muito se avançou. Houve projeto de lei para tornar a vacinação obrigatória, como sempre foi. Tirei-o de pauta, porque tinha certeza de que o tempo demonstraria que o brasileiro iria se vacinar. Temos a cultura da vacina. O que aconteceu? Há menos vacina do que a necessidade do povo. Estou doido para chegar, pela minha idade, a hora de tomar a terceira dose. Estarei na fila, de plantão, logo que o sol nascer na linha do horizonte, para tomar a terceira dose da vacina. Qualquer vacina que seja para a terceira idade, me habilito a tomar. Não há uma que não esteja na minha cartela, porque tenho certeza de que, se estamos vivos hoje, é em função das vacinas, no plural.

O tempo e a ciência vencem

Quis trazer novamente o assunto à tona, porque, muitas vezes, é bom irmos ao passado para verificar se, naquele momento histórico, estávamos certos ou errados. Já errei muito, mas, nesse caso específico, acho que estava certo, como o tempo e a ciência estão demonstrando.

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