Política não é Fla-Flu. É equilíbrio, razoabilidade e bom-senso
Deputado Luiz Paulo - Foto: Octacilio Barbosa / Alerj

Política não é Fla-Flu. É equilíbrio, razoabilidade e bom-senso

por Luiz Paulo

Não considero que a política seja Fla-Flu, simplesmente sim ou não, isso ou aquilo como tem acontecido nos últimos tempos em nosso país. Ou se tem posições radicais atrasadas de direita, ou você tem posições radicais de esquerda. Onde foram parar o equilíbrio, a razoabilidade e o bom-senso?  Onde foi parar a fundamental ótica central de que não são somente nossos interesses político-partidários que importam? Onde fica o interesse central na coletividade, nas políticas públicas necessárias para a população brasileira e para a população fluminense?

É inegável que a Operação Lava Jato, nas suas vertentes, inicialmente no Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, enfim, nas mais diversas unidades da Federação, atingindo duramente a grande maioria dos partidos políticos, tem cumprido uma tarefa hercúlea de puxar para fora as vísceras da corrupção que envolve nosso país. E falo “envolve”, no presente, e não no passado “envolveu”.  Atingiu muitos partidos políticos, inclusive aquele a que pertenço, o PSDB. Desde o primeiro momento, sempre apoiei as investigações, porque ninguém está acima da lei – nem as pessoas de quem mais gostamos ou tenhamos relações, nem mesmo cada um de nós individualmente.

Em vazamentos ou delações premiadas, alguns já foram de alguma forma injustamente atingidos. Agora mesmo, aqui no Rio de Janeiro, houve um vazamento sobre assessores de parlamentares que tiveram suas vidas levantadas pelo COAF. O COAF opera com sigilo e o sigilo deveria ter sido mantido. Excessos e erros vêm acontecendo, mas a questão central é que nunca, pelo menos da Nova República para cá, a corrupção foi tão duramente atingida neste país. Basta olharmos o número de prisões efetuadas, não somente de políticos como de empresários, doleiros e outros tipos de intermediários. Ontem mesmo foram presos dois integrantes da Polícia Federal cobrando propina de um milhão e meio a setores empresariais para não terem seus nomes revelados. Isto é avanço. Se alguns membros do Ministério Público ou juízes da Lava Jato errarem,  evidentemente, dado a eles o direito de defesa e o contraditório, têm que ser punidos, a lei tem que valer para todos.

Mas nada apaga todos os atos de corrupção cometidos não só no Estado do Rio de Janeiro, mas nas demais unidades da Federação e também na República. Não podemos achar que a Operação Lava Jato é boa em uma instância, mas é ruim em outra, quando atinge os nossos preferidos.

Queremos, de fato, que essas investigações aconteçam em todas as unidades da Federação. E vai continuar. Mas esse episódio específico, que se investigue. Se houver culpa, direito de defesa. Se a culpa for comprovada, punição! A lei vale para todos.

Todos sabem que o juiz deve ser imparcial, o advogado de defesa defende e o Ministério Público acusa. O juiz ouve ambas as partes – a defesa e a acusação – e, posteriormente, com a isenção possível, ele julga. É assim que deve ser. Se não for assim, o processo fica maculado, mas há necessidade de se verificar a verdade dos fatos. O que não pode é, no Congresso Nacional, haver alguns membros, ditos de esquerda, se alinhando ao centrão para dizer que a Operação Lava Jato fica desmoralizada. Tem que dizer que os culpados têm que ser punidos, mas não desmoralizar o conjunto das ações. Ou alguém tem dúvida de que esses criminosos que estão presos roubaram milhões e milhões de reais? As contas no exterior, os arreglos na Petrobras, os arreglos com diversas empresas no Estado do Rio de Janeiro, enfim, está tudo fortemente comprovado. E acabar com essa história de Fla x Flu. Como se a razão não fosse o norte que deveríamos seguir.

Peço equilíbrio, bom senso, paz, para que prossigamos em nossa missão parlamentar.

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