Uso de helicópteros une oposição contra Cabral na Alerj e no MP

Uso de helicópteros une oposição contra Cabral na Alerj e no MP

Depois de semanas de protestos populares que chegaram à porta de sua casa, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), pode enfrentar agora dificuldades na Justiça e talvez na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj). Motivados pelas denúncias de que Cabral usa a frota de helicópteros à sua disposição de forma irregular, os deputados estaduais Marcelo Freixo (PSOL), Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB) e Paulo Ramos (PDT), apresentaram ontem um pedido de criação de CPI na Alerj e mobilizaram os Ministérios Públicos Federal e Estadual para investigar os voos do governador.

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A conduta de Cabral, acusado em matéria da revista “Veja” de transportar família e empregados em voos de fim de semana à sua casa em Mangaratiba, na Costa Verde, e voar diariamente entre a Lagoa e o palácio Laranjeiras, é vista como criminosa pelos deputados.

“Fizemos uma denúncia no Ministério Público Federal por crime de peculato, o interesse privado se utilizando de recurso público”, disse Freixo ao Valor. “A outra é por improbidade administrativa no Ministério Público Estadual”, afirmou.

As denúncias e a pressão no Judiciário podem motivar mais protestos contra o governador. Mas o pedido de criação da CPI só será analisado após primeiro de agosto, ao fim do recesso parlamentar. “As investigações ajudam na pressão das ruas”, disse Freixo. “Mas não sabemos se a pressão aguenta um mês”.

Para Luiz Paulo, porém, a CPI é possível, mesmo que a oposição conte com apenas 12 das 24 assinaturas necessárias à sua criação. “As ruas estão mudando a correlação de forças. Houve grandes manifestações contra os palácios por uma mudança comportamental que não aconteceu”.

A reportagem da “Veja” afirma que os voos diários custam R$ 240 mil/mês, ou R$ 2,8 milhões anuais, aos cofres públicos. Cada viagem a Mangaratiba custa R$ 36 mil.

Ontem, após reunião com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, na qual solicitou investimentos federais em obras de transporte no Rio, Cabral tratou as denúncias como questão de mobilidade. “Não sou o primeiro a fazer isso no Brasil. E faço de acordo com o cargo que ocupo. Não estou fazendo nenhuma estripulia, nenhuma novidade”, disse.

Fonte: Valor Econômico