Os piores dias de nossas vidas, por Luiz Paulo
foto: Julia Passos / Alerj

Os piores dias de nossas vidas, por Luiz Paulo

Fico absolutamente transtornado e entristecido ao verificar que estamos, com muita responsabilidade do presidente da república, vivendo os piores dias de nossas vidas.

A ascensão das contaminações e mortes

Vejamos o tema mais importante que existe hoje: a ascensão vertiginosa das contaminações e mortes por pandemia.

Diversos infectologistas afirmaram, hoje, que, no bimestre janeiro e fevereiro, houve crescimento vertiginoso de mortes, ao cotejarmos o bimestre de novembro e dezembro de 2020. Afirmaram, também, que o mês de março, agora iniciado, será mês drástico para a população brasileira pelo volume de contaminações, de mortes e pelo esgotamento dos leitos hospitalares, quer seja de enfermaria ou de atendimento emergencial.

Presidente negacionista se aglomera, não usa máscara e ameaça quem não o segue

Enquanto isso, o presidente da república continua a se aglomerar, não usar máscara e insinuar, quase cotidianamente, que os governadores e prefeitos que praticam algum nível de lockdown local ou algum nível de fechamento, mesmo que parcial, das atividades não essenciais, deveriam ser retaliados pela União.

Sem providências reais para compra das vacinas

O Brasil, de outro lado, pela inação do presidente da república, não tomou as providências para agilizar a compra diversificada de vacinas e, com isso, a lentidão da vacinação proporciona a propagação da variante brasileira do coronavírus, muito mais contagiosa e com potencial maior ainda de carga viral. Quem sofre com isso é a população brasileira, principalmente os mais necessitados. Esse quadro só se agrava.

E, agora, o especialista em logística, guindado a ministro da saúde, ministro Pazzuelo, anuncia milhões e milhões de vacinas, mas que estão no papel, ainda não se concretizaram os procedimentos necessários. São meras hipóteses. Iniciamos o terceiro mês do ano de 2021, março. No dia 20 de março, vai-se embora o verão e chegarão temperaturas mais amenas, propícias a contaminações.

Como faremos, simultaneamente, vacinação de Covid 19 e gripe?

No mês de abril, deveríamos iniciar a vacinação contra a gripe e me pergunto: será que temos seringas e agulhas para suportar, concomitantemente, vacinação contra a gripe e vacinação contra o coronavírus? Provavelmente não, porque o sistema de saúde está totalmente esgarçado, sem nenhuma unidade. 

Política de imunização cambaleante

A política nacional de imunização está cambaleante, a transferência de recursos do SUS para ampliar o número de leitos no atendimento à Covid se tornou recessiva e produz mais vagas hospitalares. Constatamos, aqui, o momento áspero, indigno em que vive o Brasil nessa área tão vital para os brasileiros.

Congresso pauta interesses politiqueiros sob comando do Centrão

De outro lado, quando devíamos estar unidos em torno de tema dessa relevância, para buscarmos os mesmos desígnios de ajudar a população, vem o Congresso Nacional, agora em aliança com o presidente da república, discutir a famosa PEC da Impunidade, sem relevância nem emergência alguma. No momento em que essa PEC sofre resistência, porque não iria conseguir trezentos e oitos votos, retorna para tramitação normal e a formação de Comissão Especial, como já deveria ter sido feito inicialmente, priorizando o que realmente tem a ver com a pandemia.

Então, o presidente da Câmara quer pautar novo tema: a reforma política. Como se essa fosse a prioridade neste momento de dor e morte. Não o é. E isso, claramente, para atender aos interesses possivelmente menores de algumas agremiações políticas.

Alerj prioriza pandemia e proteção aos mais vulneráveis 

Enquanto a Alerj tem priorizado praticamente a imensa maioria dos projetos sobre a pandemia – como aconteceu no exercício todo de 2020 – e, colateralmente, na proteção das populações mais vulneráveis, o Congresso Nacional, volta e meia, principalmente agora depois da aliança do presidente com o Centrão, tenta desviar-se desse que é o tema mais importante do país.

O desastre econômico

De outro lado, os old boys – não mais Chicago boys – do Ministério da Economia custaram muito a entender que não haveria recuperação econômica sem vacinação massiva. Hoje, matéria televisiva mostra que, na Inglaterra, com o crescimento da vacinação, já teria havido 25% de redução dos óbitos naquele país, tornando possível avançar nas flexibilizações e na economia. Portanto, temos esse outro desastre, que é o econômico.

Petrobras com perda e suspeita de vazamento

Ainda há a discussão, que não faz o menor sentido, de que para o auxílio emergencial não há dinheiro. Como não há dinheiro para tal se decisão afoita do presidente da república fez a Petrobras perder em dois, três dias R$ 100 bilhões, em relação aos seus ativos, isto é, ao preço das suas ações?! Agora, na mídia, há rumores de que houve quem ganhou com isso: teria havido informação privilegiada. Vamos esclarecer como isso se dá: a ação está no alto. Determinado investidor vende na alta; dois dias depois a ação desaba; compra o mesmo montante que vendeu e bota no bolso milhões e milhões de reais. Estaria essa questão, hoje, em apuração. Espera-se.

E a corrupção, crime hediondo, avança

Depois da pandemia do coronavírus, temos outra desgraça no Brasil: a endemia da corrupção.

Hoje, o Ministério Público Federal, com a Polícia Federal, fez operação no Rio de Janeiro, intitulada “Operação Mais Valia”, como desdobramento da Operação Tris in Idem, que foi uma das operações que apurou a corrupção durante o governo Wilson Witzel, afastado. Desta vez, em cima do Tribunal Regional do Trabalho, envolvendo desembargadores, advogados e parentes intermediários. Isso, volto a dizer, em plena pandemia. Tudo isso, para mim, é crime hediondo. E como tal deve ser punido.

Mas encerro reafirmando: vivemos e ainda viveremos algum tempo com o sentimento de que esses são os mais duros anos das nossas vidas.

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