Vamos nos concentrar no que é realmente importante para o Rio,
Ônibus cai em buraco em trecho alagado pela chuva da avenida - Vicente de Carvalho na Penha - Zona Norte - Rio de Janeiro - Notícias UOL

Vamos nos concentrar no que é realmente importante para o Rio,

por Luiz Paulo

O deputado Luiz Paulo posicionou-se, em plenário, sobre pedido de liminar do senador Flávio Bolsonaro contra lei do deputado André Ceciliano, presidente da Alerj, que permite aos artistas apresentarem sua arte em estações de trem, metrô, barcas e dentro das composições. Em seu pronunciamento, considerou essa questão ainda mais grave, com o divulgado apoio do governador Wilson Witzel ao turismo: “Como o governador, que age contra a cultura, pode estar apoiando o turismo? Não há turismo sem cultura. O governador, ao afirmar que o turismo é o novo petróleo do Estado do Rio de Janeiro e combater a possibilidade de os artistas apresentarem a sua arte para aqueles que assim o desejarem, entra em contradição profunda.” Lembra, ainda, que a maioria dos artistas pede autorização para se apresentar. Isto tira, também, a possibilidade de sobrevida desses artistas e de todas as pessoas que não têm um níquel de usufruírem ali momentos de lazer gratuito, com a apresentação de palhaços, músicos ou cantores. A ajuda pedida no chapéu é voluntária. Só o faz quem realmente pode e deseja.

Mas considera que há mais um erro crasso sendo cometido pelo governador: a questão do retorno da Fórmula 1 para o Rio, por ser um sorvedouro de recursos. Quando a competição aqui ocorria, havia exigências absurdas ao município do Rio de Janeiro. Era necessário investir rios de dinheiro para que a prova acontecesse. E o acesso ao espetáculo era mediante ingressos caríssimos. O evento era, portanto, para os dotados de grande poder aquisitivo. Só eles tinham acesso ao espetáculo, que durava no máximo quatro dias.

Para Luiz Paulo, o retorno turístico não era condizente com o que o município gastava. Tanto é que, quando São Paulo, na gestão da prefeita Luíza Erundina, do PT, resolveu levar esse evento para São Paulo, não houve grande volume de reclamação. Esclarece, ainda, que jamais o Estado de São Paulo se envolveu nessa questão.

Reforça a questão do Rio de Janeiro estar completamente quebrado, sem dinheiro para educação, saúde, cultura, habitação, e, espantosamente, cogitar-se ajoelhar aos pés da FIA para que o prêmio de Fórmula 1 volte à cidade do Rio de Janeiro. Neste momento histórico, um enorme erro, porque representa falta de prioridade. Faz, em seguida, uma análise do orçamento, informando que há déficit de R$8 bilhões de déficit e, ainda, R$17 bilhões de Restos a Pagar. Pergunta: “Como jogar dinheiro fora? Se o governador quer ajudar o turismo, ajude a cultura, que é sinônimo de turismo. Se o presidente da república quer ajudar o turismo no Rio, não corte as dotações da Lei Rouanet, não boicote a cultura, pois a saída do turismo é pela cultura. Em Paris, espetáculos artísticos para o público acontecem em grande intensidade, até mesmo no inverno, e as pessoas, mesmo com frio, ficam paradas para assistir a esses espetáculos. Isso é uma forma de valorizar a cultura que acontece no mundo inteiro. Já assisti na televisão a um grupo artístico enorme, com bateria e tudo mais, no Aeroporto Internacional do Galeão, às vésperas do Carnaval, receber turistas e nenhum usuário do aeroporto que ia pegar o avião ou estava saindo reclamou, porque estávamos mostrando para as pessoas que vinham do exterior a nossa arte e cultura.”

O deputado continua sua reflexão de que é necessário tirar a ideologia dessas questões para haver uma posição racional e clara de como podemos ter caminhos para tirar o Rio de Janeiro do buraco em que está.

Para concluir sua argumentação, lembra que nós patrocinamos a Copa do Mundo e onde está o legado? Corrupção e estádios sem uso. Nós patrocinamos as Olimpíadas e onde está o legado? Agora patrocina-se a Copa América e qual será o legado? Destaca, concluindo: “Esse momento é de crise profunda e qualquer centavo tem que ser para educação, saúde, habitação, segurança, porque não temos dinheiro para nada. É um blefe nos rendermos ao clube de Fórmula 1. Não temos como investir num projeto como esse. Prefiro outras disputas com São Paulo: de ter aqui mais indústrias, mais comércio, gasolina mais barata ou igual, diesel mais barato ou igual, gás mais barato ou igual. Essa é a grande disputa que eu queria ter com São Paulo.”

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