Prédio novo, compromissos antigos, por Luiz Paulo

Prédio novo, compromissos antigos, por Luiz Paulo

Tenho o prazer de abrir o primeiro expediente inicial do parlamento fluminense nas suas novas dependências, isto é, no prédio arquiteto e urbanista Lúcio Costa. O prédio é novo, sofreu imenso retrofit, para que deixasse de ter o rosto de um banco, o antigo BEG – Banco do Estado da Guanabara, que depois passou, com a fusão, a ser Banerj – Banco do Estado do Rio de Janeiro. O prédio é hoje a sede de todo o parlamento fluminense, incluindo os gabinetes dos deputados e toda a parte administrativa, jurídica etc. Tudo concentrado no mesmo lugar. Aparentemente, tudo aqui é novo, mas nossos compromissos e lutas são os mesmos do espaço anterior. 

Primeiro compromisso – luta contra o preconceito

O primeiro compromisso, relembro, é manter viva a luta contra qualquer forma de preconceito, qualquer que seja ele. A primeira forma de luta contra o preconceito é tirá-lo de dentro de cada um de nós. Fomos criados numa sociedade preconceituosa. O primeiro passo a dar é nos despir dos nossos próprios preconceitos e aderir a um conceito basilar: somos todos seres humanos, sejamos homens ou mulheres ou tenhamos qualquer outro conceito a esse respeito. Independentemente da cor da nossa pele, do status social ou econômico, somos todos do gênero humano. É necessário reafirmar esta questão, porque abrimos os jornais diariamente e vemos que o número de mulheres vítimas de violência, principalmente na pandemia, não para de crescer.

Segundo compromisso – justiça social

O segundo compromisso é a luta que precisamos ter por justiça social. Ontem, mais uma vez, ao sair daqui à noite, me doeu o coração ao ver o número de pessoas dormindo debaixo das marquises nos mais diversos logradouros do centro, com aquele frio intenso. A miséria e a perda social se agravaram fortemente com a pandemia. Torna-se, então, necessário que todos tenham um olhar para essa sociedade tão desigual em que nós vivemos. Esta é uma luta também de todos.

Terceiro compromisso – interesse da população fluminense

O terceiro compromisso é que, em cada projeto de lei que votarmos, nosso foco tem que ser o interesse da população fluminense. O foco não pode ser se aquele projeto de lei se origina em um poder ou outro, se é deste ou daquele deputado.

Aí vem outro pacote de maldades

Ontem, o governador aqui citava que, neste segundo semestre, vamos enfrentar novamente um novo pacote de maldades, com as propostas que virão para a Alerj por conta do novo Regime de Recuperação Fiscal. Volto a dizer, a grande crise no Rio de Janeiro não está na despesa, mas na receita. Enquanto o Rio de Janeiro não tiver um planejamento estratégico de Estado, e não de governo só, visando ao desenvolvimento econômico e social, todos os caminhos tomados não levarão a lugar algum. É necessário, também, insistir neste tema, porque, para sabermos se um governo está no caminho certo ou errado, precisamos saber qual é o caminho do governo. Mas o governo não sabe o seu caminho.

Cada governador dá um palpite, mas não há planejamento

O governador que sofreu impeachment afirmou aos jornais que a redenção do Rio de Janeiro era o turismo, mas não demonstrou o porquê, não apresentou nenhum estudo. O que assumiu, posteriormente, também disse que a saída do Rio de Janeiro era a logística. Isso é o que classifico de “achologia”; não é ciência. A ciência pede que tentemos pelo menos fundamentar todos os programas que desejamos fazer. Sem esse norte, sem o planejamento estratégico para o desenvolvimento econômico e social, todos os caminhos que forem percorridos não vão dar certo.

Regime de Recuperação Fiscal – remédio amargo

Reafirmo que o Regime de Recuperação Fiscal é um esbulho que a União faz contra o Estado do Rio de Janeiro. Temos que engoli-lo a seco para poder não pagar o serviço da dívida, porque, sem regime, o estado ficaria inviável. Nos próximos três anos, teríamos que pagar mais de R$ 44 bilhões de serviço da dívida. Com o regime, em três anos, vamos pagar uns R$ 9 bilhões, ou seja, R$ 3 bilhões por ano. Para termos esse remédio amargo, é necessário que reflitamos para minimizar seus impactos, para que não caiam nas costas do funcionalismo público do Estado do Rio de Janeiro.

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