O ano eleitoral e o completo desarranjo da administração do Rio de Janeiro, por Luiz Paulo

O ano eleitoral e o completo desarranjo da administração do Rio de Janeiro, por Luiz Paulo

Estamos prestes a encerrar o exercício de 2021 e ingressar no ano de 2022 – restam, aproximadamente, 35 dias. O ano de 2022 é de eleições e esta Casa está discutindo – vai finalizar – o orçamento para 2022. A expectativa que tenho para 2022 é de um ano duro e difícil. Em 2021, o presidente da república passou a maior parte do seu tempo dedicado a mergulhar em contradições com a sociedade, a democracia, a república e, muitas vezes, com as autoridades internacionais, especificamente quanto às políticas ambientais desastrosas que se praticam neste país. A inflação de 2021 será superior a 10%, com o dólar circulando em valores acima de R$ 5,30 e o barril do petróleo já acima de 80 dólares. 

2022 não será melhor que este por ser ano eleitoral

Não posso imaginar que o ano de 2022 possa ser melhor que este, exatamente por ser ano eleitoral, ano de insegurança jurídica e de campanha que se avizinha, em nível presidencial e de governador do estado, em que, ao que tudo indica, o ambiente será de ferrenha hostilidade, e não com propostas para tirar o país e o estado da crise.

Petrobrás quer duplicar o preço do gás em 2022

Se a inflação deu 10 pontos percentuais ou mais em 2021, esse número, provavelmente, se repetirá em 2022. Isso acarreta dizer também que o PIB – Produto Interno Bruto -, ou crescerá muito pouco, ou será negativo. Os jornais anunciam que a gestão fora de propósito da Petrobras pretende, no ano que vem, duplicar o preço do gás. Que gás? O gás natural, que extraímos aqui, dos quais 57% são reinjetados, isto é, voltam para o seu lugar de origem. É o gás natural; é o gás de cozinha, é o gás que faz com que as indústrias produzam, gerando energia, e é também o gás natural veicular, o famoso GNV, que muitos usam nos seus veículos, principalmente, mas não só, os taxistas.

Paulo Guedes se esmera em criar instabilidade

Vejam o horizonte de dificuldades que temos pela frente. O estado do Rio de Janeiro, em especial, tem que tentar acertar a mão no orçamento para 2022, com todas essas incertezas e inseguranças, ainda mais sob a égide de um Regime de Recuperação Fiscal – RRF, em que os profissionais do Tesouro Nacional, supervisionados pelo ministro Paulo Guedes, estão sempre a querer nos impor medidas draconianas, inconstitucionais, que eles mesmos não conseguem cumprir.

Consolidaram o teto de gastos e agora querem rompê-lo

Quem criou o teto de gastos foi o governo federal – não este governo, mas o anterior. No entanto, este governo consolidou. Recentemente, muitos técnicos do Tesouro Nacional se exoneraram de suas funções, porque o próprio governo federal – leia-se presidente Bolsonaro e Paulo Guedes – resolveu inventar, aliado ao presidente da Câmara, a PEC dos precatórios, que, em suma, é não pagar o que deve ou pagar só parte do que deve e, também, modificar a forma de reajustar, ano a ano, o conceito anual de despesa primária.

Precisamos de estadistas não de varejo

Dito isso, quero que fique aqui demonstrado o final de ano importante que temos pela frente, já com o indicador de tantas e tantas outras contradições que iremos viver. O estado do Rio de Janeiro precisa de governador que tenha visão de estadista e não aquele que faz acordo político no varejo para garantir apoio dos mais diversos partidos no período eleitoral.

Troca troca de secretários no Rio de Janeiro

Hoje, vemos nos jornais, que já está sendo trocado novamente o secretário de transportes. A regra aqui é: piscou, muda o secretário e entra outro secretário. Sem nenhuma análise de mérito, mas é o terceiro secretário de transportes. Não há continuidade, mas oportunidade. Na secretaria de fazenda, estamos também no terceiro secretário; na de desenvolvimento econômico, já perdi as contas.

A cultura está abandonada no Rio de Janeiro

Muitas vezes, quando não há mudança no secretário, a continuidade do atual também não faz solucionar os problemas. Na área da cultura, temos o exemplo do Theatro Municipal: escalpelado, sob o ponto de vista das finanças e da gestão, porque está largado à sorte das políticas eleitorais. O governo não consegue nem entender a importância estratégica para a cultura e para o turismo do nosso querido Theatro Municipal. Se não consegue em relação ao Theatro Municipal, que dirá em relação a outros segmentos da nossa cultura?

Espaços culturais não têm alvará do Corpo de Bombeiros

Vejo aqui um bombeiro civil. E me lembro dos nossos museus, das nossas casas de cultura, principalmente do Theatro Municipal. Nenhum deles tem alvará do Corpo de Bombeiros. Até hoje. Por mais que falemos. Parece que fica todo mundo querendo que aconteça uma tragédia anunciada, com a do nosso querido Museu da Quinta da Boa Vista. Volto a assinalar: nenhuma casa de espetáculo pertencente ao estado tem alvará do Corpo de Bombeiros, incluindo o centenário Theatro Municipal. Repercutimos isso seguidamente para que depois alguém não diga assim: “Eu não sabia”.

Há quatro anos, aproximadamente, na Comissão de Cultura, recebemos auditoria escrita da controladoria geral do estado, fazendo esse tipo de constatação: a falta de alvará e, por via de consequência, de todas as medidas necessárias ao combate de um eventual incêndio. Estou assinalando isso para mostrar que não se tem gestão no estado do Rio. Há arroubos, discursos, mas gestão mesmo inexiste. Se não existiu até agora, imaginem em período eleitoral o que irá ocorrer.

Deixe um comentário