Nosso clamor pela vida precisa ser ouvido, por Luiz Paulo

Nosso clamor pela vida precisa ser ouvido, por Luiz Paulo

O plenário, neste 18 de março de 2021, discutiu intensamente os danos da Covid na população fluminense e brasileira. Fiz questão absoluta de só ficar ouvindo, para, com mais tempo, me pronunciar sobre a matéria.

Inicialmente, quero deixar claro que a vida, para mim, está em primeiro lugar. Ela é o dom mais precioso que recebemos de Deus. E deve ser preservada. Mas me pergunto: é isto que está acontecendo no Brasil? A resposta é curta e objetiva: NÃO. Senão vejamos: 28% dos óbitos acontecidos por Covid-19 no mundo são originários do Brasil. 

2 dias de aproximadamente 2.800 mortos

Há 2 dois dias o número de mortes diários no Brasil está no patamar de aproximadamente 2.800 óbitos, com velocidade para se aproximar rapidamente dos 3.000 mil óbitos diários. Estamos próximos a atingir o patamar total de 300 mil óbitos – sendo que, no Rio de Janeiro, 35 mil. Questiono: diante desses números, a vida está em primeiro lugar? Evidentemente que não. E a escalada de gravidade continua.

Ainda há pouco, lia no Twitter que a Fiocruz aponta que a pandemia ainda deve piorar em 23 estados da federação. Afirma a Fiocruz: este é o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil. 

Mas a situação piora: cadê o respeito à vida?

Mas há ainda mais: verifico diversas demandas de também diversos segmentos da sociedade brasileira fazendo projeções e afirmando que faltarão insumos para intubação em até 20 dias. E pode, até mesmo, em muitos municípios faltar oxigênio. Isto é respeitar a vida? A resposta é novamente não.

São Paulo e Rio deverão fazer feriadão

O estado de São Paulo decreta feriadão de dez dias como forma de combater a Covid, juntando Semana Santa com Páscoa, antecipando feriados. Aqui, no Rio de Janeiro, já se cogita ter feriadão desde 30 de março até 04 de abril – aproximadamente seis dias. Em São Paulo, já é realidade; no Rio é cogitação. E isso está acontecendo, porque não se respeita a vida.

Em marcha acelerada em direção ao caos

Agora mesmo, no twitter, o presidente da república e o presidente do STF anunciam um encontro para discutir novo plano nacional contra a pandemia. Por que isso acontece? Pelas 300 mil mortes já registradas no Brasil, e pelo rápido crescimento da pandemia em todas as unidades federativas e, em marcha acelerada, em quase todos os hospitais do país, no sentido de não haver mais leitos de UTI. Aqui, no Rio de Janeiro, a procura por UTI cresce a 5% ao dia, mostrando claramente que o Rio de Janeiro, em dez dias, no máximo, não terá mais nenhum leito de tratamento intensivo – as filas já se formam.

Economia e vida devem andar juntas

Ainda assim, vejo aqui, no plenário, muitos esquecerem de que a prioridade é a vida – e nada é mais importante do que a vida –, e perguntando em alto e bom som: E a economia? A ciência, para proteger a vida, tem que ser seguida; e diz o quê? Precisamos de vacinação, vacinação, vacinação; de distanciamento; de uso de máscaras; e de higiene das mãos, do rosto e das partes mais sensíveis à contaminação pelo coronavírus. Mas, além disso, diz-se – e é a mais pura verdade – que as pessoas morrem de fome também – e morrem mesmo. Dizem, também, que a economia está abalada – e está mesmo! Mas, para enfrentar a Covid e suas variantes, há o conceito de nação e de estado.

O auxílio emergencial do Rio e o do governo federal – ainda é pouco

O Rio de Janeiro, pelo esforço deste parlamento, começará, em abril, a conceder auxílio emergencial, que pode chegar a R$ 300,00, para envolver, possivelmente, 600 mil pessoas com renda inferior a R$ 178,00. E esse auxílio do estado será até 31 de dezembro de 2021. O governo federal também promete, para abril, quatro parcelas de R$ 250,00. Mas isso é suficiente? É muito pouco. 

Ao governo federal cabe colocar dinheiro na economia e bolso dos mais pobres

Gostaria, novamente, de citar alguns números. O presidente Biden, que tomou posse em 20 de janeiro de 2021, nos Estados Unidos, substituindo o presidente Trump, que foi derrotado nas urnas, felizmente, está injetando na economia americana US$ 1,9 trilhões. Em moeda nacional, isso representa, com o dólar a R$ 5,54, R$ 10,5 trilhões, que representam 14 vezes o PIB do estado do Rio de Janeiro, na ordem de R$ 758 bilhões. Esses R$ 10,5 trilhões de reais representam quase uma vez e meia o PIB nacional que está em R$ 7,5 trilhões. Cito estes números, porque competiria à União injetar dinheiro na economia, dar auxílios emergenciais relevantes, no mínimo na ordem de R$ 600,00, enquanto perdurar o clima pandêmico que vivemos. Injetar dinheiro nos pequenos empresários, nas médias e pequenas empresas, para resgatarem a possibilidade de não quebrarem.

E ficamos entre o teto de gastos e a vida dos brasileiros

Mas apresenta-se a questão do teto do gasto. Afinal, o que é mais importante? O teto do gasto ou a vida da população brasileira? Roda dinheiro, que, nada mais é do que emitir título de dívida pública. É o que se tem que fazer para injetar na economia. A inflação não está ainda em volumes desesperadores. Ontem mesmo, o Banco Central aumentou a taxa Selic em 0,75%, isto é, colocou os juros a 2,75, exatamente para segurar a inflação. Temos que considerar no Brasil que a vida dos brasileiros é que importa. Esta nação será soerguida, inclusive a sua economia, às custas do trabalho do povo brasileiro que precisa sobrevier, e esta é a questão central. Portanto, temos que marchar nessa direção. 

A saúde, hoje, é fundamental

Claro que a educação é importante, que a economia é importante, são áreas, inclusive, prioritárias. Mas a saúde, hoje, é fundamental, é a preocupação com vida. O número é aterrorizante: quase 300 mil óbitos no Brasil – 28% dos óbitos no mundo.

Lembro-me, na primeira onda da pandemia, lá pelos meados de 2020, dos números de mortes que via na Itália – 750 mortes por dia. Fiquei perplexo. Agora, quase atingimos a casa das 3.000 mil mortes, quatro vezes a mais do que morreu na Itália no pico da pandemia.

Clamemos pela vida

Chamo a atenção para tudo isso, porque é necessário, no meu entendimento, a maioria das vozes – já que todas as vozes, é impossível, devido aos segmentos negacionistas –, mas que a grande e imensa maioria das vozes clame pela vida, pela prioridade absoluta de se minimizar o impacto da pandemia, para que os governos, principalmente o governo federal, com o auxílio dos estaduais e dos municipais, enfrentem essa questão de frente. Mas enfrentem mesmo que tenha que injetar bilhões de reais na economia.

Vivemos num estado de terror, num estado de medo. Ninguém mais vive, está todo mundo a temer e a esperar a morte. Não podemos continuar assim. Então, proclamo a todos para que insistamos neste tema. Nossas vozes precisam ser ouvidas. E, se insistirmos, o serão.

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