Invasão da Ucrânia, desigualdades sociais eleições francesas, por Luiz Paulo

Invasão da Ucrânia, desigualdades sociais eleições francesas, por Luiz Paulo

Saúdo a sra. presidente, deputada Tia Ju, senhoras e senhores telespectadores da nossa TV Alerj, senhor intérprete da linguagem de libra, que leva nossa voz aos deficientes auditivos, sras. e srs. Deputados que nos assistem de forma presencial ou remota.

No expediente inicial, tive a oportunidade de abordar a questão do saldo do resultado deste Carnaval fora de época, sob o enfoque das lutas contra os preconceitos, principalmente o preconceito racial e o preconceito religioso.

Invasão da Ucrânia ganha escalas maiores

Feito este paralelo, chamo a atenção para o lado triste do dia de ontem, 26 de abril, que continua no dia de hoje e, quiçá, se torne mais grave no dia de amanhã. A invasão da Rússia à Ucrânia começa a ganhar escalas maiores, porque a Rússia, agora, já ameaça países vizinhos. Em contrapartida, países membros da Otan – salvo erro de memória, 48 países -, também no dia de ontem, decidiram mandar mais armamento para que os ucranianos se defendam do ataque russo. Putin assinalou que isso pode ser o caminho da terceira guerra mundial, na qual, no mínimo, as três maiores potências bélicas do mundo possuem armamentos nucleares. Estou falando, especialmente, da Rússia, dos Estados Unidos e da China, entre outros, os três impérios bélicos do mundo. Isso é motivo de grande apreensão para a humanidade, sob o enfoque também ambiental, que já anda em um limite tênue.

2 meses de guerra sangrenta

Também estou chamando a atenção para esse tema, porque, com o tempo, parece que as algumas pessoas começam a achar tudo normal. Dois meses já se passaram de guerra sangrenta, com mais de 5 milhões de ucranianos fora do seu país, em êxodo, e, também, com não sei nem quantos milhões dos 44 milhões que estão em trânsito internamente, fugindo de um local para o outro. Preciso chamar a atenção, mais uma vez, sobre esse tema.

Enfrentar as desigualdades sociais

Destaco outro tema. Os candidatos à presidência da república – e alguns estão fazendo isso – tinham que ter o tirocínio de pautarem a sua agenda para discutir a economia brasileira e como enfrentar as desigualdades sociais. Esse é o tema central.

A bolsa cai, o dólar sobe, a inflação cresce

Não é tema central, ficar esgrimindo com decisões do Supremo, sejam elas corretas ou não. Não reside aí o drama da população brasileira. O dólar voltou a subir e já está passando de R$ 5,00. A bolsa voltou a cair. A inflação não cedeu e continua a avançar. As feiras e os supermercados são testemunhas oculares da história que, com o mesmo dinheiro, a cada dia, se compra menos; a recuperação do emprego é lenta; o custo do transporte está um absurdo, e o transporte está numa crise profunda, e sem transporte não se viabiliza produção.

Este é o quadro nacional que tem que estar no tema do debate político.

O que comemorar no 1º de maio

Pergunto: neste atual estágio, comemorar o quê? O desemprego, o salário mínimo? Vamos já chegar ao dia 1º de maio e como está o piso mínimo regional, que era para ser votado em dezembro do ano passado? Já estamos em 1º maio e nenhuma mensagem, até o presente momento, chegou à Alerj. Acredito até que chegará às vésperas do 1º de maio, porque o governo do Estado é movido a fatos e, passado o momento, esquece.

Lembro do governador vindo a público dizendo que iria acabar com o narcotráfico nas estações da nossa SuperVia. Fomos lá segunda-feira e continua tudo do mesmo jeito. Dá o impacto e parece que resolveu fazendo um discurso ou dando uma coletiva. Nada se resolve só com discurso e com coletiva, as coisas se resolvem com ação continuada.

Quero deixar aqui a minha apreensão com o noticiário de ontem à noite em relação a essa questão tão séria que o mundo está vivendo que é a invasão da Rússia à Ucrânia e o desdobramento de tudo isso.

As eleições francesas e suas escolhas

E, para terminar, quero anunciar que, domingo, acompanhamos o resultado das eleições francesas. E a esquerda francesa teve a coragem, já no 1º dia, quando deu o resultado para o 2º turno, de vir a público e dizer: “Não daremos um voto à Sra. Le Pen.” Não disse que estava votando no outro, mas a Sra. Le Pen não iria ter um voto.

O que os eleitores decidiram é outra coisa, mas a Sra. Le Pen, mais uma vez, como representante da direita reacionária e conservadora da França, contra a imigração, perdeu as eleições para o Sr. Macron, candidato que posso chamar de centro liberal. Só quero mostrar que, entre a direita mais radical, mais atrasada, e um homem de centro liberal, a França ainda preferiu este caminho.

A França é um país, em tese, de vanguarda. A eleição foi para o 2º turno entre um candidato de centro e uma candidata de centro-direita. Daqui a trinta dias, aproximadamente, se escolherá o novo parlamento francês, depois de escolher o presidente. Vai ser outro jogo de disposições para ver quem vai compor a maioria no parlamento.

Não sou analista político das eleições francesas, mas, com esse critério, que me parece interessante, dificilmente um presidente reeleito vai deixar de compor a maioria; mas as forças oposicionistas têm que se movimentar para reequilibrar esse voto no parlamento francês.

A França tem grande simbologia no campo humanitário e democrático

É uma eleição que não tem eleitorado grande, teve abstenção muito forte, mas é um país de grande simbologia dentro do campo humanitário, dentro do campo democrático, do campo libertário do mundo, tanto é que foi Montesquieu quem deu corpo àquilo que reside em todas as cartas democráticas do mundo: o que é chamado da Tríade, que é o pilar da democracia, o equilíbrio e a vida harmônica entre os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. É uma criação de Montesquieu.

É claro, passaram-se centenas de anos, e hoje não é mais essa trinca maravilhosa. Há o Ministério Público, a Defensoria Pública, a sociedade civil organizada, há os órgãos de controle externo e de controle interno, os Tribunais de Contas etc., mas nasceu lá essa concepção democrática. Daí, a importância de sempre falarmos sobre as eleições francesas.

Concluindo, em 1968, e estávamos nós no movimento estudantil, o movimento estudantil francês foi paradigma para todos os outros movimentos estudantis. Isso começou na universidade francesa, por meio, naquela época, do líder estudantil que comandava com brilhantismo as manifestações estudantis na França, que era Daniel Cohn-Bendit, que, depois, se estendeu para a Alemanha, onde despontou outra liderança, a de Rudi, o Vermelho, e que, depois, nos inspirou aqui no Brasil, para que fossemos às ruas, enquanto estudantes, para derrubar a ditadura, que, de fato,  só caiu muitos anos depois.

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