Hora de juntar forças
Unidos - Foto: human- de Gerd Altmann - Pixabay

Hora de juntar forças

por Luiz Paulo

Trago à discussão hoje o papel de um estadista num momento de crise gravíssima, como a que estamos vivendo: a pandemia de coronavírus. O estadista tem enorme responsabilidade. E, para cumpri-la a contento, precisa de  equilíbrio, bom senso, render-se às teses científicas sobre a matéria e tomar  decisões, de forma a reduzir as  consequências da expansão rápida do coronavírus. Porque, se nossos líderes maiores não tiverem essa sensibilidade, esse senso de responsabilidade, entendendo a importância de seu papel, evidentemente, a sociedade fica sem rumo. Este é um alerta.

O momento não é para disseminar ódios, nem debates ideológicos, tampouco disputas partidárias ou só se pensar em eleições. É hora de todos estarem unidos a favor de minorar as consequências do coronavírus para a população brasileira.

Cada um assume seu papel

E o que significa estarmos unidos? É a busca de soluções mediadoras. O executivo, com seu poder maior, como executor do orçamento público, o parlamento em consonância com o poder executivo e o judiciário em suas funções e prerrogativas legais. Um exemplo: o poder legislativo pode vir a utilizar os dispositivos de internet necessários para tomar decisões de forma remota, sem obrigatoriamente ter-se presença física; podemos organizar pautas que sejam de assuntos relevantes, que tenham a ver com o cotidiano da população para enfrentar essa grave crise, e aprová-las remotamente. Estamos no início do crescimento de uma curva ascendente e exponencial, e a cada semana, nos próximos 30 dias, o volume de pessoas que estarão contaminadas será cada vez maior e, por via de consequência, o risco também será cada vez maior.

O vírus será vencido por esforço coletivo

Verifico que, muitas vezes, as decisões de chefes de poderes têm sido dissonantes, principalmente de chefes do poder executivo. E se esses chefes de poder foram eleitos, eles afirmam a sua liderança não pelo que falam, mas sim pelo que fazem. E, volto a dizer, o equilíbrio, o bom senso, o saber ouvir, o seu senso humanitário são importantíssimos para suas decisões. O vírus será vencido por esforço coletivo, há que, portanto, envolver-se a população como um todo. Esta é a grande saída que outros países já apontaram, a começar pela China, com população superior a um bilhão de habitantes, que foi o centro da crise hoje instalada na Europa.

Muitas medidas têm sido tomadas, em sua grande maioria corretas. Mas qual é a grande preocupação? Os leitos disponíveis na rede hospitalar, tanto pública quanto privada. Hoje, aqui na capital, 100% dos leitos estão ocupados, sem considerar o coronavírus. Ou seja, já há carência de leitos. Assisti a um representante da secretaria de saúde do município dizer que tinha criado mais 30 leitos, e falou com constrangimento, e que provavelmente, daqui a 30 dias, com ajuda federal, poderia ampliar para 300 leitos. Dá para se ver o tamanho do problema.

Mas há, ainda, um segundo problema: ter pessoal da área da saúde para isso. É preciso ter pessoal preparado e protegido, coisa que também não está ocorrendo. Salta aos olhos a necessidade de se focar nessa direção, cada vez de forma mais intensa.

Boa difusão das medidas preventivas pela imprensa

Os canais de rádio e televisão têm ajudado muito a difundir as medidas preventivas: lavar a mão, usar álcool em gel, que falta no mercado, guardar distanciamento entre as pessoas de pelo menos um metro e meio ou dois, evitar aglomerações, acabar com todos os tipos de evento. Mas há outra questão que não está resolvida: o transporte público, que continua superlotado. A saída é o reescalonamento de horários, para esvaziar a hora do pico e distribuir as pessoas em viagens ao longo do dia.

Solução para o transporte público lotado

Apresentei projeto, de minha autoria, nesse sentido, em 2012, sem relação, portanto, com o coronavírus. Peço, então, ao presidente que venha à pauta o mais rapidamente possível, porque essa questão importante não está equacionada. Não é suficiente dizer às pessoas: “Vamos evitar os horários de pico.” Se a pessoa pega no trabalho às 7 ou às 8 horas e mora em Campo Grande, precisa pegar o BRT às 6 horas, não há alternativa. Resolver passa pelo reescalonamento de horários.

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