Estou indignado, por Luiz Paulo

Estou indignado, por Luiz Paulo

O deputado Flávio Serafini afirmou que, consultando a internet, no dia de ontem, verificou que 98% dos leitos de UTI do nosso Estado do Rio de Janeiro já estariam ocupados. E que 94% dos leitos de UTI da capital e do município de Duque de Caxias já estariam ocupados.

Sem UTIs disponíveis, mortes disparam

Complemento dizendo que verifiquei na mídia, ontem, que a taxa de ocupação das UTIs do município e da capital estava numa média de aumento de 5% ao dia e, nas contas da emissora, em uma semana as UTIs estariam no teto, batendo os 100%. E, acrescente-se: quando as UTIs atingem seu pico máximo, o volume de mortes aumenta, devido aos que ficam na fila aguardando vaga. Os dados expressam aumento sempre expressivo do número de contaminados. Em consequência, o estado de São Paulo bateu o recorde no número de óbitos ontem, e o Brasil também.

O ridículo da polarização

Diante desses números avassaladores, verifico quanto é medíocre, mórbido politizarem a discussão sobre pandemia. Precisamos falar de salvar vidas, o mais importante de tudo, até mesmo da própria economia. Frisou muito bem, hoje, a economista Mônica De Bolle que salvar vidas, a saúde está acima de qualquer questão, mesmo da questão econômica.

Precisamos de união

Mas nosso país, e nem falo de nosso estado, hoje, infelizmente, é pária no mundo. Bate todos os recordes de negatividade em termos de combate à pandemia da Covid 19 e de crescimento de óbitos. Diante disso, deveríamos estar todos, sem exceção – União, estados e municípios – de mãos dadas, principalmente em relação a dois caminhos.

Os caminhos corretos a seguir

No primeiro, todos, sem exceção, deveriam ser a favor do afastamento, do distanciamento, dos lockdowns parciais ou totais, principalmente nas capitais e grandes cidades, do uso ostensivo de máscaras e da higiene das mãos, do rosto, dos cabelos etc. Esse é o primeiro ponto em comum, e até hoje existem divergências. Vou citar como isso vai dilacerando e aumentando muito os óbitos da nossa pandemia.

O segundo caminho em torno do qual deveríamos estar todos juntos é na compra de vacinas. Vacinar, vacinar, vacinar, mas, somente a partir de amanhã, iremos retomar a vacinação nas capitais, que estava paralisada, incluindo a da cidade do Rio de Janeiro. Mas a retomada é a conta gotas.

Não é possível que haja dúvidas ainda, neste momento, sobre essas duas vertentes. Não tem importância qual bandeira e qual cor cada município adote, para mim estamos em bandeira preta em todos os municípios. A cor só vai mostrar que a contaminação, os óbitos e a falta de vaga em UTI estão nos píncaros. Isto independe da cor. Chamam de segunda onda, terceira onda, quinta onda. Isto pouco importa. Estamos no pico dos picos. Não pode ter professor nem criança em sala de aula. Mas aí vem o governador em exercício, fazendo média com o presidente da república, e sustenta posição dessas.

O grandioso problema dos transportes 

Um cidadão que precisa trabalhar e pega ônibus necessariamente se contaminará. Os ônibus estão superlotados, com parcela significativa de pessoas sem máscaras ou usando a máscara no pescoço, como se fosse adorno. Se vai para o trem, não tem escape: superlotado. Se vai para as barcas, pela escassez de barcas, também estão superlotadas. O metrô, como não se permite filmar dentro, não temos registros. Mas, por via de consequência, mesmo com o mínimo de reescalonamento de horário, saiu para trabalhar está em risco. Não adianta exigir dos segmentos empresariais que coloquem mais composições, mais barcas, mais ônibus, porque o discurso vai ser o mesmo: “Não tenho mais dinheiro, não tenho como bancar”. Em consequência, teríamos que ir para a radicalização que, às vezes, é importantíssima: encampar. Quem vai gerir até ter nova licitação? Quem vai injetar dinheiro? É o Estado? 

Negacionismo mata. Aos milhares. 

Caminhamos para situação cada vez mais difícil, porque não se toma, no tempo devido, a decisão correta, que é o distanciamento, o fechamento, os lockdowns parciais. E não se faz, também, campanha de apelo, na qual devia estar à frente o presidente da república, e dizer, como ouvi, o prefeito de Belo Horizonte fazer ontem: “Pelo amor de Deus, se vocês não querem que seus familiares, como eu não quero, morram, usem máscara, não vão para as ruas, mantenham distanciamento, observem os lockdowns, cumpram essas determinações.” Quem tinha que fazer isso era o presidente da república, porque foi o maior negacionista do Brasil. Se o cidadão está na rua e diz assim: “O presidente da república não usa máscara, seus ajudantes de ordem também não usam”. Mas morrem e não sabemos, como aconteceu no noticiário de hoje. Se ele diz que quem usa máscara é calça frouxa, quer dizer, é covarde, então, eu, que sou do povo, também não posso fazer?

O pânico

Devíamos estar juntos nessa tarefa, que não é mais de vida ou morte, mas de evitar a morte. A população está em pânico. Os profissionais da saúde já não aguentam mais o volume de atendimento. A demanda reprimida de outras doenças é imensa. As pessoas não se tratam mais de câncer, porque não têm como se tratar. Já pensou, nesse momento, fazer quimioterapia e ter que pegar ônibus com a imunidade lá embaixo? O que acontecerá com elas? Certamente, contaminar-se até nas próprias redes de saúde. 

Vivendo um pânico, não só do medo, mas o pânico de gestão, pânico de não saber o que fazer, de para onde não caminhar. Os prefeitos falam: “Chegou vacina, vacino; se não chega, o que vou fazer?”

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