Deputado Luiz Paulo sugere prazo de um ano para Petrobrás avisar ao Estado sobre abatimentos

Deputado Luiz Paulo sugere prazo de um ano para Petrobrás avisar ao Estado sobre abatimentos

Durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a queda na arrecadação de receitas compensatórias da exploração de petróleo e gás no estado da Alerj, realizada nesta segunda-feira, 24 de maio, o presidente da CPI, deputado estadual Luiz Paulo disse à Petrobrás, que a concessionária deverá comunicar ao Estado com um ano de antecedência sobre os abatimentos das explorações de petróleo e gás. Isto será para evitar repetir o prejuízo que o Estado do Rio teve nos meses de janeiro e fevereiro de 2021, com a queda de R$ 800 milhões na arrecadação de royalties e participações.  Nos dois primeiros meses de 2020, o valor de arrecadação chegou a R$ 2,89 bilhões, e no mesmo período de 2021, ela caiu para R$ 2,14 bilhões. A CPI criada por projeto de resolução foi motivada exatamente por esta queda na arrecadação.

” Percebemos algumas contradições como na própria norma que deu interpretação dúbia. A norma diz que a exploração é abatida no momento que a concessionária  quer. A redação desta norma não está digna com o grau de relacionamento e respeito que deve-se ter com as instituições.  A Petrobrás deveria avisar ao Estado com um ano de antecedência sobre esses abatimentos das explorações. Isso deveria estar programado no plano de desenvolvimento do campo para evitar prejuízo ao Estado e municípios”, disse o deputado Luiz Paulo.

Na audiência de hoje, a concessionária foi questionada sobre a forma pela qual vem abatendo valores significativos dos cálculos das transferências dos recursos das participações especiais destinadas ao Rio de Janeiro.  Na próxima segunda, 31 de maio, a CPI fará nova audiência com a Petrobrás para saber a metodologia usada pela concessionária para a depreciação e também a previsão de abandono de um poço de petróleo e de uma plataforma.

“Na próxima audiência, a Petrobras vai responder a todos os questionamentos desta Comissão e explicar melhor sobre  a  metodologia de cálculo da depreciação e da provisão de abandono de um poço de Petróleo”,  afirma o presidente da CPI, deputado Luiz Paulo (Cidadania).

Durante a audiência, os representantes da Petrobras anunciaram perspectivas de novos investimentos e prestaram contas sobre decisões judiciais que determinaram medidas para aumentar a transparência da fiscalização dos órgãos estaduais.

“Estamos seguindo um roteiro com 26 tópicos e sabemos que em uma reunião o assunto não teria como ser esgotado. Então deixamos a Petrobras fazer sua explanação nesta segunda e na próxima reunião nós, deputados, faremos as nossas considerações e vamos tirar as nossas dúvidas. Não podemos sair dessas oitivas sem que tudo seja esclarecido”, justificou o presidente da Comissão, deputado Luiz Paulo (Cidadania).

O Diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras, Roberto Ardenghy abriu a reunião informando que o setor de óleo e gás vai crescer expressivamente até 2024 no estado. Segundo Ardenghy, o Rio será responsável por 84% da produção de petróleo da Petrobras. “Atualmente, 80% da nossa produção já é feita aqui. Produzimos, por dia, aproximadamente 2 milhões de barris de Petróleo no Rio. Isso demonstra o quanto o estado é valorizado pela Petrobras”, pontuou.

No entanto, Luiz Paulo lembrou que em 2016, quando o Rio enfrentou a sua maior crise financeira, a Petrobras, sem avisar previamente, deixou de repassar recursos de participações especiais. “A nossa segunda maior receita, depois do ICMS, são os royalties e participações e a Petrobras, mesmo sabendo disso, não nos informou, previamente, que a nossa arrecadação em um trimestre seria nula. É preciso que haja um sistema de comunicação respeitoso com o estado para que se avise previamente situações como está”, disse deputado Luiz Paulo.

Em resposta, o gerente geral de Representação e Negociação Externa da Petrobras, Cristiano Gadelha, disse que a empresa cumpre medidas e práticas definidas em regulamentação e que a Petrobras não vê empecilhos em aplicar essa comunicação, desde que seja alterada na regulação.

“As projeções que apresentamos hoje são dados sigilosos, mas foram divididos com a comissão para a melhoria do diálogo com essa Casa Legislativa. Adianto que cumprimos uma série de práticas em conformidade com a regulação, mas reconheço que pode haver atualização dessa regulamentação com a ANP”, afirmou.

Gadelha também pontuou que neste mês a empresa criou um protótipo para facilitar a fiscalização da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), cumprindo com a decisão judicial que determinava tratativas para entrega sistematizada e escalonada das informações dos últimos 10 anos da empresa. “Fomos intimados em 2019 para apresentar os documentos à Sefaz. No entanto, o processo passou por alguns entraves, até que em julho do ano passado foi emitida uma decisão
judicial e a empresa se movimentou para cumprir a decisão”, concluiu Gadelha.

A CPI quer investigar a ‘caixa preta’ das concessionárias de óleo e gás nos abatimentos para calcular os repasses das participações especiais.

” Nesta caixa preta, as concessionárias abatem tudo o que querem no seu fluxo de caixa e colocam em situação muito difícil o fluxo de caixa do Estado e Municípios que produzem óleo e gás. Vamos verificar nesta CPI estes repasses atrasados de forma clara e propor medidas para corrigir daqui para frente”,
o parlamentar.

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