De política alimentar de baixa qualidade ao negacionismo da Covid, por Luiz Paulo

De política alimentar de baixa qualidade ao negacionismo da Covid, por Luiz Paulo

Tive oportunidade, no expediente inicial, de fazer aqui análise crítica de que um dos grandes males da saúde pública do estado do Rio de Janeiro é a política alimentar de baixíssima qualidade, baseada nos alimentos multiprocessados. Registrei, ainda, que o Jornal O Globo de hoje trouxe grande matéria sobre os graves prejuízos que a população infanto-juvenil tem, exatamente porque a política alimentar do Brasil e do estado do Rio de Janeiro só se baseia em multiprocessados. Fiz, ainda, a seguinte alusão: uma criança ao nascer deveria, pelo menos por seis meses, se alimentar de leite materno. Mas hoje o desmame é muito mais cedo. Então, começa-se já substituindo o leite materno pelo leite de vaca, que não tem a mesma função alimentar que o leite materno. 

A má alimentação começa cedo e leva à obesidade

Em seguida, essa criança começa a comer as papinhas potinhos de vidro que são vendidos no supermercado. Nesse momento, começam a surgir os primeiros dentes de leite. Lá por um ano, um ano e dois meses começam a andar. E, aí, começam a sair com os pais também para ir ao supermercado; começam, então, a consumir biscoitos de toda espécie. Essa cultura domina as crianças até quase a adolescência, quando acabam com altíssimo grau de obesidade e, em consequência, começam a não praticar exercícios e se tornam pré-diabéticas. Um triste caminho. Volto a insistir, portanto, ser de fundamental importância a alimentação saudável. 

De outro lado, a desnutrição

De outro lado, em outra vertente, existe o grave problema que é a desnutrição.  Existem aqueles que, infelizmente, e são imensa maioria, vivem em famílias que não têm renda. Devido a isso, não têm como comprar alimento, e comem o que aparecer. Então, de um lado, há a obesidade derivada de alimentação muito ruim, de multiprocessados, lobby imenso das grandes indústrias produtoras; de outro lado, a miséria e a fome produzindo a subnutrição. Vejam a importância deste tema.

A importância de todas as vacinas

Associado a isso, vem a questão da vacinação. E, quando falo de vacinação, não falo especificamente em relação à Covid. Mas, refiro-me à vacinação de maneira geral, que foi abandonada nesse período pandêmico. Desde a poliomielite, passando por sarampo, cachumba, coqueluche, difteria, febre amarela. Esse grande número de vacinas, que nos têm mantido vivos, está também em baixa.

O impacto do negacionismo na Covid

E, mesmo a Covid que, infelizmente, nos levou mais de 600 mil brasileiros, poderia ter tido impacto menor se essa vacinação fosse antecipada pelo menos uns 30 dias, o que era possível. Bastava não ter havido essa luta de caráter estúpido, negacionista, ideológico, de achar que o kit de cloroquina ia curar alguém que adquirisse a Covid ou ia prevenir alguma coisa, mesmo sem base alguma na ciência. Além disso, tivemos um presidente da república que afirmou que, se tivesse Covid, seria uma gripezinha – gripezinha que nos levou mais de 600 mil brasileiros.

A corrupção na saúde em plena pandemia

Trago este tema, porque hoje se encerra a CPI no Senado Federal. Lê-se o relatório final. No bojo dessa questão, para tristeza de todos, ainda vem à tona, mais uma vez, a corrupção na saúde, na compra e venda de vacinas. Não consigo esquecer aquele cidadão lá na CPI dizendo que a propina seria um dólar por vacina. É absolutamente inacreditável! 

O caso do kit Covid e a corrupção na saúde

Essa mesma corrupção levou à cassação de mandato de um governador eleito, o primeiro governador cassado no Brasil – Wilson Witzel. Essa corrupção também se instalou no governo federal e, mais grave, veio à tona aquilo que já tínhamos debatido aqui, em 2020, quando, na Comissão de Constituição e Justiça – CCJ, votamos pelo arquivamento e pela inconstitucionalidade de projeto de lei que queria, nada mais, nada menos, que os médicos do estado do Rio de Janeiro receitassem o kit Covid. O projeto foi para arquivo e, na rede, fui duramente atacado por militantes bolsonaristas. Fui até ameaçado, disseram que se me encontrassem na rua, algo poderia acontecer.

O caso Prevent

Vejam o clima em que vivemos. Naquele momento, fiz aqui acusação contra a Prevent, que matava idosos em São Paulo, porque negligenciava o tratamento e receitava kit Covid. Foi até dito na internet que iam à Justiça por causa de acusações falsas. Agora estão todos indiciados. Não é a famosa, triste e dolorosa escolha de Sofia. Ao contrário, é, preventivamente, dizer que aqueles idosos vão morrer, porque não serão tratados, não vão ser oxigenados, vão tomar cloroquina só para inglês ver, até serem mais uns óbitos registrados por Covid.

A importância da CPI

E foi exatamente a CPI do Senado que jogou luz nisso tudo. É claro que uma CPI indicia; se vão ser condenados ou não, vai depender da denúncia do Ministério Público e, futuramente, da aceitação da denúncia pela instância judicial, precedida do julgamento. Mas o importante é que isso ficou muito claro e, mesmo assim, ainda há gente que nega essa realidade, que nega o efeito da vacina, o efeito do uso das máscaras, o efeito do distanciamento.

A pandemia não acabou

Quero fazer um alerta para encerrar: a pandemia não acabou. Estamos num patamar de 300 mortes por dia no Brasil, patamar significativo ainda. Está em descenso? Está. Em descenso forte? Está, os gráficos demonstram isso, mas podemos ser surpreendidos com uma variante da Delta. Há ainda que se ter cuidado.

Não é hora de liberar máscara e distanciamento

Temo as antecipações das medidas de liberação de máscara e de distanciamento. Considero que aguardar mais 30, 60 dias seria muito mais ponderado. Não sou infectologista nem quero sê-lo, sou deputado, minha formação é na engenharia, mas acho que o tempo sempre foi bom conselheiro. Aguardar um pouquinho mais, no mínimo, seria prudente.

Da minha parte, continuarei a usar a máscara, não só para a minha segurança, mas para a segurança de terceiros que estiverem ao meu redor. E tomei a 3ª dose.

Deixe um comentário