A receita: distanciamento, máscara, higiene das mãos e vacina, por Luiz Paulo

A receita: distanciamento, máscara, higiene das mãos e vacina, por Luiz Paulo

Venho aqui analisar o ano de 2020, que considero importante, no que trata das políticas fracassadas em nosso país para combate da Covid-19. Entendo que, diante da pandemia gravíssima que vivenciamos nesse 2020, deveríamos ter somado esforços, vivido com intensidade federalismo de cooperação entre a união, estados e municípios, para enfrentamento mais eficiente das mazelas da Covid-19: a contaminação e as consequências na economia e na vida das pessoas, principalmente nos menos favorecidos.
A ciência como maior arma
O presidente da república, como prevê a Constituição, deveria ser o comandante-geral para poder combater, entre aspas, o inimigo comum – o vírus da Covid-19. Combatê-lo, primeiramente, na área da saúde, usando a ciência como sua arma maior e não a verborragia, o sofisma e o negacionismo.
A ciência nos apontou, ao longo dos meses, a direção do distanciamento, do uso de máscaras e, também, da higiene das mãos – com sabão e água e álcool em gel. Assistimos ao oposto: cada um atirando para um lado.
Além da epidemia, ainda temos a endemia da corrupção
Associado a isso, ainda tivemos a presença de uma endemia de corrupção, em muitas unidades da federação e, principalmente, no nosso estado do Rio de Janeiro.
O estado do Rio de Janeiro, onde somos parlamentares, foi atacado pela pandemia da Covid-19 e, mais uma vez, pela endemia da corrupção, desagregando totalmente a assistência que deveria ser dada aos menos favorecidos e, também, à população em geral. Os números mostram isso. Nosso estado tem um pouco mais de 17 milhões de habitantes, num Brasil de 211 milhões de habitantes. Portanto, a população do estado do Rio de Janeiro é, aproximadamente, 9% da população do país.
O número de mortos em nosso estado é superior a 30 mil. No Brasil, temos mais de 210 mil óbitos. Isso nos leva a observar que a relação de óbitos no Rio de Janeiro com os óbitos do Brasil é de 15%. Por isso, somos a unidade da federação com o maior número de óbitos, superior, inclusive, ao estado vizinho, São Paulo, que tem mais de 40 milhões de habitantes. Esse efeito do negacionismo, associado à pandemia e à endemia da corrupção, puniu nossa indefesa população com muita severidade.
O recuo do governo negacionista de Bolsonaro
É natural que, pressionado pelas populações querendo vacinação, o governo negacionista de Bolsonaro recuasse e admitisse, mesmo que parcial e tardiamente, a vacina da CoronaVac, que não queria usar, porque é chinesa – afirmou, inclusive, que as pessoas iriam virar jacaré -, além da utilização da vacina de Oxford.

A insuficiência de vacinas mesmo para as prioridades
Mas ocorre que essas duas produtoras de vacina são insuficientes para dar conta de nossa demanda, já que assumiram anteriormente compromissos com muitos países do mundo. Então, o roteiro de prioridades ficou absolutamente prejudicado. Somente no meado ou fim de março, em função da ausência de vacinas, é que teremos as duas primeiras prioridades atendidas: o pessoal da saúde – prioridade 1 – e a população mais idosa, acima de 60 anos.
Ao acabar o mês de fevereiro, se tudo funcionar aqui no Rio de Janeiro, teremos vacinado somente aqueles que têm mais de 75 anos. A pirâmide maior daqueles com também maior risco, pela faixa etária, é de exatamente entre 60 e 75 anos. De 75 para 100 é cume dessa pirâmide da terceira idade.
E a vacinação do pessoal da educação?
E aí surge a questão de professores e todos os profissionais de educação, que atuarão confinados em ambiente fechado, dando aulas para jovens. Todos nós sabemos que estes são muito mais resistentes e, além do mais são, em sua maioria, assintomáticos. Conclui-se, então, pela necessidade da terceira leva de prioridade ser obrigatoriamente o pessoal da educação, para que o retorno às salas de aula, tão essencial para crianças e adolescentes, até de forma presencial, seja possível.
E os guardiões dos confinados?
Só que não há vacina disponível para todos e começa outra luta de prioridade. Concordo, também, que o pessoal do SEAP, do Degase necessitam estar numa faixa de prioridades. Até porque trabalham com grande volume de confinados, que são seres humanos e como tal precisam ser tratados. E, sejam presidiários em idade adulta, sejam jovens transgressores, também são população de risco. E colocam em risco seus guardiões e eles a esse grupo, numa corrente perigosa.
E a força produtiva?
Há mais uma questão a ser levantada: quem sai todo dia para trabalhar, sem pertencer aos grupos que já foram citados, na faixa etária dos 19 aos 60 anos, são a força produtiva do país. Se essa força produtiva também não for vacinada, evidentemente, não debelamos a pandemia e as pessoas vão continuar a se contaminar e o número de óbitos a crescer. E a economia a desabar, levando consigo empregos, trabalho e renda.
A real necessidade da velocidade da vacinação
Mas há, ainda, outra questão pouco abordada a que preciso me referir. Qualquer vacinação em massa, principalmente essa, em relação ao Covid-19, deveria acontecer em seis meses. Porque ninguém sabe ainda o tempo de proteção que dá a vacina. A vacina é recente. Se o tempo de proteção for seis meses, passando esse prazo começarão as reinfecções. A bola de neve se realimenta e a pandemia jamais sairá do nível de pandemia para virar endemia. Essa é a real preocupação por não termos velocidade de vacinação.
Na velocidade de vacinação que temos, que espero será acelerada, iremos demorar, no mínimo, dois anos para vacinar toda a população brasileira de mais de 18 anos de idade. Por isso, este tema é tão relevante.
Sem vacina, a economia não deslancha
Não adianta no Congresso Nacional se falar em mil projetos de recuperação de economia, porque o melhor, o mais efetivo, mais eficaz, mais prudente projeto para recuperação da nossa economia é vacinar todo mundo. Ou os projetos não darão resultado. Principalmente, agora, quando os auxílios emergenciais se esvaíram. Sabem quantos brasileiros receberam o auxílio emergencial em 2020? 70 milhões de brasileiros. E agora, se não há mais recursos, segundo diz a união, para renová-los?
A busca de soluções e o receituário básico
Temos que pensar sobre isso tudo como parlamentares. É hora de buscarmos soluções factíveis. Mas não são possíveis soluções factíveis se não houver unidade entre união, estados e municípios para combater o Covid-19. E, nesse combate, o receituário todos sabem de cor e salteado: distanciamento, máscara, higiene das mãos e vacina, vacina e vacina.

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