Luiz Paulo analisa contas finais dos prefeitos do estado

Luiz Paulo analisa contas finais dos prefeitos do estado

A menos de 72 horas das eleições o deputado Luiz Paulo analisou o problema que os prefeitos do estado poderão ter na hora de acertar as contas do governo.

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“Venho registrando que todos os prefeitos do Brasil, em especial os do Estado do Rio de Janeiro, dos nossos 92 municípios, poderão vir a ter, excetuando a Capital, problemas para que suas contas de governo tenham os números finais compatibilizados, isto é, a receita e a despesa empatem, no mínimo, porque, se sobrar mais receita do que despesa, também não há problema algum.

E por que digo isso? Porque as contas de governo de último ano são definitivas. Se um prefeito gastar mais do que arrecada, terá a sua conta impugnada pelo Tribunal de Contas do Estado. E, com a conta impugnada, ele fica inelegível pela Lei da Ficha Limpa.

E chamei a atenção diversas vezes sobre isso, porque a Presidenta Dilma deu alíquota zero de IPI para a indústria automobilística, para que o volume de vendas aumentasse e para que ela enfrentasse a crise econômica que ronda o território nacional. Só que quando ela dá isenção de IPI – não foi só para automóveis, mas para automóveis principalmente -, isso afeta diretamente as arrecadações dos municípios no que diz respeito ao Fundo de Participação dos Municípios, que basicamente é composto pelo IPI.

Ora, isso, em último ano de Governo, promove um desequilíbrio, porque fica o Prefeito sujeito a arrecadar um valor menor do que previu. Em geral, os Prefeitos ficam inertes em relação a esse tema.

Verifico também comportamento similar aqui no Governo do Estado. O Governador, muitas vezes, do alto do seu pedestal, concede benefícios fiscais a quem quer e bem entende. Esse benefício fiscal afeta a quota-parte de 25% que pertence aos municípios da arrecadação do ICMS. Fica o dito pelo não dito, e novamente os Prefeitos ficam silenciosos.”

Lembrou de uma proposta a emenda constitucional do senador Aécio Neves que fará com que a União ressarça os estados e municípios no mesmo ano em que sejam concedidas isenções e anistias.

“Verifiquei que em 2011 o Senador Aécio Neves apresentou uma PEC – Proposta de Emenda Constitucional – no Senado Federal, falando exatamente deste tema: a União deverá ressarcir estados e municípios no mesmo ano em que ela vier a conceder anistias, isenções fiscais etc. sobre os impostos que sejam partilhados, nos termos da Constituição Federal, por estados e municípios. Esse mesmo princípio vale para as isenções que os estados produzirem em impostos que sejam partilhados pelos municípios, isto é, fazer o ressarcimento no mesmo ano fiscal.

Essa Emenda Constitucional está tramitando no Congresso; ainda não foi aprovada, mas ela fala exatamente daquilo sobre o que eu tenho alertado os Srs. Prefeitos, para estarem atentos à prestação de contas de Governo no último ano de seus respectivos mandatos.

Este é um tema bastante relevante porque hoje os Tribunais de Contas são órgãos colegiados. Pela Lei da Ficha Limpa, qualquer um que seja condenado por órgão colegiado fica inelegível, e uma conta de Governo rejeitada gera inelegibilidade. Não verifico essa preocupação nos gestores, mas venho sucessivamente chamando atenção.

O Governo do Estado, por exemplo, respaldado em lei aprovada por esta Casa, quando compensa dívida ativa com precatório, não vem repassando as quotas-parte dos municípios, fazendo uma apropriação indevida do dinheiro que não lhe pertence.

Se você tem uma dívida ativa de ICMS e troca essa dívida ativa por precatório, mesmo sendo uma permuta, 25% dessa permuta pertencem aos municípios. Se a dívida for em relação ao IPVA, maior ainda é a quota-parte, porque é de 50% do município que emplacou o veículo.

Então, estou chamando a atenção, porque nós adentramos o mês de outubro, estamos vivendo o último trimestre do ano de 2012, e é hora de as contas serem ajustadas, para que o equilíbrio previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal possa existir: que ninguém gaste mais do que vai arrecadar.

Por isso, já que a compensação não existe e os prefeitos não esperneiam, só terá uma saída: cortes em valores empenhados, o que pode muitas vezes significar a paralisação de obras ou até mesmo entrar nas despesas de custeio.

Então, como a partir da semana que vem as eleições em primeiro turno estarão concluídas, fica esta advertência e esta reflexão aos senhores chefes de Poder Executivo.”