Visibilidade de segundo turno, por Luiz Paulo

Visibilidade de segundo turno, por Luiz Paulo

Não posso deixar de comentar a pesquisa nacional produzida, publicada e divulgada nesta terça-feira (29) pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), no sentido de verificar tendências ali registradas. A primeira confirma outras pesquisas já efetuadas dos ibopes da vida, e mostra uma queda continuada da popularidade e da forma de governar da presidente Dilma. Ela já está, praticamente, a um ponto percentual do patamar de negatividade que atingiu quando, em junho do ano passado, aconteceu aquela maré de manifestações em todo o Brasil.

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Essa pesquisa já mostra claramente que um segundo turno irá acontecer, e que as duas forças que possivelmente estarão em confronto serão o PT e o PSDB e seus partidos aliados. Foi isso que nos mostrou a pesquisa: a ascensão de Aécio Neves, a queda da Dilma e a visibilidade clara de um segundo turno.

Agora compete analisar o porquê disso. Eu diria que o governo petista da presidente Dilma cada vez mais se caracteriza pela incompetência, pela imobilidade e pelas notícias continuadas de corrupção, agravadas por um quadro institucional de difícil inflexão: um quadro de inflação associado a um quadro de crise energética, quer seja da energia hidráulica ou termoelétrica, quer seja na área dos combustíveis.

A Petrobras a cada dia aumenta mais o rombo das suas contas porque importa petróleo a um preço x e vende gasolina a um preço de x/2. Os preços não podem ser reajustados porque fariam disparar a inflação. O mesmo acontece com o preço da energia elétrica: precipitadamente foi feita uma modificação no ano passado, segurando o preço, e hoje o governo é obrigado a subsidiá-lo, desequilibrando as contas públicas. Também tem que se adiar o reajuste do preço da energia para não impactar a inflação.

O governo Dilma vive uma inequação que tem mais incógnitas que equações, o que caracteriza, na área da matemática, um sistema indeterminado. De outro lado, ela tem contra si mesma o partido político a que pertence. O deputado federal André Vargas fez um estrago imenso no governo, destruiu a candidatura petista no Paraná em função dos seus compromissos com um doleiro conhecido e hoje preso. Ele renuncia à vice-presidência da câmara e se desfilia do PT, mas não larga o mandato. Por quê? Confissão de culpa: se abdicasse do mandato, ia ser preso pela Polícia Federal. Mas o será, é uma questão de alguns poucos meses, porque o Conselho de Ética vai fazer o seu trabalho e, sem partido em plenário, irá para o fosso.

Além do mais, o PT nacional não cogita sair do poder, tem horror de sair do poder para não perder as suas boquinhas. Tanto é verdade que começa a cogitar a troca da candidatura Dilma pela de Lula, fazendo um novo estrago no governo Dilma Rousseff. Querer fazer essa mudança e vir a público revelá-la é o mesmo que dizer ‘não atende as nossas expectativas, está fazendo um mau governo e não tem capacidade política e eleitoral’. É o próprio partido sacrificando o seu próprio candidato.

É claro que pesquisa é retrato de um momento e que eleição se ganha nas urnas. Por isso, comecei dizendo que as pesquisas revelam tendências: tendência de queda pela forma de governar do PT e da presidente Dilma e uma ascensão do seu principal candidato de oposição. Mas acho que essas tendências que hoje começam a se revelar se agravarão, porque não vejo, no quadro institucional brasileiro, forma de se reverter isso que está aí colocado.

Segundo, venho dizer algo mais importante: por baixo das pesquisas você verifica um profundo desejo de mudança da população. Ela já não tolera mais o governo central que aí está. E é claro que esse sentimento de mudança ainda não se cristalizou nem no candidato Aécio nem no candidato Eduardo Campos, mas começou a haver um processo de transferência.

Mas o tempo dirá. Estamos praticamente a 60 dias das convenções partidárias que acontecerão para todos os partidos entre 10 e 30 de junho próximo. E depois das convenções que ocorrerão pós-Copa do Mundo, as campanhas estarão na rua. E eu almejo mesmo que haja alternância de poder, que haja mudança para o bem do nosso país que já não mais suporta ser tão sacrificado junto com o aparelhamento político-partidário que fez o Partido dos Trabalhadores em todos os órgãos públicos da nossa Federação.