Luiz Paulo: “Governo do Estado abandonou plano metroviário original”

Luiz Paulo: “Governo do Estado abandonou plano metroviário original”

Deputado critica forma como planejamento foi modificado

Luiz Paulo: “Governo do Estado abandonou plano metroviário original” 1

“Voltando a fazer uma reflexão sobre o tema ‘transportes’, em especial sobre a questão metroviária da cidade do Rio de Janeiro e, quiçá, um dia, pós governo Cabral, da Região Metropolitana, com o metrô indo, por exemplo, para Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, desde 1975, quando se fez a fusão do Estado da Guanabara com o antigo Estado do Rio de Janeiro e nasceu esse novo e pujante estado, à época, com 64 municípios, hoje, com 92 municípios.

A partir daquele governo fez-se um plano estratégico, fruto de uma grande pesquisa de origem e destino de passageiros, com as suas respectivas linhas de desejo, das diversas linhas de metrô que deveria ter a cidade do Rio de Janeiro. De 1975 até o ano de 2013, são 38 anos que tivemos muitos governos, uns mais competentes e outros menos, não ousaram destruir esse planejamento estratégico das diversas linhas do metrô.

O governo Moreira Franco, do PMDB, que venceu as eleições disputando contra o professor Darcy Ribeiro do PDT, a quem apoiei de corpo, alma e divindade, quis fazer obras importantes do metrô, como por exemplo o trecho Estácio/Carioca, a linha 2, o metrô para Copacabana. Mas as obras começaram sem recursos, e se tornou presidente da República José Sarney. Houve uma grande discussão sobre qual deveria ser o tempo do mandato do presidente, Moreira Franco e Sarney brigaram, e não houve transferência de verbas, ficando os buracos do metrô sem a obra ser concluída.

No governo Marcello Alencar, do qual participei, implantou-se 17 quilômetros de metrô, toda a linha 2, desde Triagem até a Pavuna, e o trecho Botafogo/Siqueira Campos, deixando aberto quase o trecho Siqueira Campos/Estação de Cantagalo, respeitando o planejamento original da rede metroviária do Rio. Depois de Marcello Alencar vieram os governos Garotinho e Rosinha, que levaram o metrô da Cardeal Arcoverde à Siqueira Campos e de lá à Estação de Cantagalo, talvez mais 1,5 mil metros.

No governo Marcello Alencar houve a licitação de concessão da linha 4, no ano de 1998, do trecho estação São João, em frente ao Rio Sul, até o Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca, passando por Humaitá, Jardim Botânico, Gávea, São Conrado, de acordo com o planejamento metroviário de 1975. E aí veio o governo Sérgio Cabral e a sua equipe de transportes que levaram o metrô da estação de Cantagalo até a Praça General Osório.

A prepotência, a arrogância, a ganância, a falta de conhecimento, a avidez em todos os sentidos, levaram o governo a abandonar o plano metroviário e querer ligar a Praça General Osório até o Leblon, e do Leblon à Gávea e São Conrado, até o Jardim Oceânico, no trajeto que já era da linha 4 original.

Tudo isso destruiu o plano metroviário, porque este governo já tinha abandonado a estação Estácio e feito uma gambiarra ligando a estação de São Cristóvão à Central do Brasil com a linha 2. Então, as linhas 1 e 2 e um pedaço da Linha 4 foram transformados naquilo que chamamos um ‘linhão’: uma única linha que sai da Pavuna, vem à Central, vai à General Osório, e até 2016 chegará ao Jardim Oceânico. Esse ‘linhão’ vai simbolizar um colapso no sistema metroviário, no sentido da segurança e também do conforto e possibilidade de transporte dos passageiros.

Por isso é necessário que os próximos governos façam algumas revisões para que esse dinheiro investido, consoante interesses que não são os melhores para a população, não seja perdido. Para tanto, é fundamental restabelecer o conceito original do sistema metroviário. A primeira e mais relevante obra do metrô a ser feita é a continuação da linha 2, do Estácio até o Largo da Carioca, deixando de estar conectada com o ‘linhão’.

É necessário também que o governo entenda que o Jardim Oceânico é a porta da Barra, mas não é a Barra da Tijuca, e portanto não resolve o problema de circulação da Barra. O metrô tem que chegar até o Terminal Alvorada, havendo necessidade também que se faça o traçado original da linha 4 para se restabelecer o sistema.

Falo isso porque são muitos os pré-candidatos ao governo do Estado, e é necessário que eles também possam ter uma visão sistêmica do que é a rede metroviária para pensar nos investimentos futuros e saírem dessa armadilha contra a população, que a incompetência de um secretário de Transportes e um governo precário vão deixar de pseudolegado para a população.”