Epidemia de Chikungunya – o que fazer?

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Parece-me que as posições alarmistas propagadas pelo secretário municipal de saúde, sobre a possível epidemia de Chikungunya na cidade do Rio de Janeiro, são fora de propósito, por não guardarem razoabilidade.

A obrigação do poder público é trabalhar, nas 3 (três) instâncias de poder, de forma coletiva, como é da natureza do SUS, organizando o processo de conscientização da população quanto a eliminar focos de mosquitos em águas paradas, estruturar equipes paramédicas, incluindo médicos reumatologistas para diagnosticarem a doença em função dos sintomas, e dar aos que forem infectados assistência continuada, até que as sequelas temporárias sejam debeladas. Ser alarmista, divulgando percentuais extravagantes que, possivelmente, não irão ocorrer, não ajuda. Ao contrário: cria-se fato midiático que chega ao nível da irresponsabilidade.

Vamos à análise. Caso o percentual de infectados, na cidade, atinja 3% da população será uma grande derrota para as ações de prevenção. Serão quase 200 mil pessoas e, no Estado do Rio, provavelmente 500 mil pessoas terão de conviver com as mazelas da doença. Não tem razoabilidade que se atinja tal percentual. Um exemplo: na epidemia de febre amarela (1889), quando não se sabia que o vetor da mesma era o “aedes”, foram menos de 9.400 infectados e a população local era de 522 mil habitantes, portanto, 1,8% de infectados com a aludida febre. Hoje, a cidade está espraiada, são mais de 6,2 milhões habitantes, a propagação poderá ser maior, mas é remotíssima a probabilidade, pela análise dos números e dos fatos, que venha atingir 50% da população carioca. Caso o fosse, deveria ser decretada calamidade pública na área da saúde e serem requisitados todos os modos públicos e privados disponíveis para combater um quadro epidêmico gravíssimo.

Vejamos a discrepância de valores na capital. Em 2016, foram aproximadamente 14 mil infectados, ou seja, 0,23% da população. Na 1ª estimativa para 2017, poderiam ser atingidos 1,5% (93 mil habitantes) da população. Um sanitarista da Fiocruz, em recente matéria televisiva, afirmou que “Ninguém está preparado para enfrentar a crise e que o percentual atingido poderia ser de 20% da população (1, 3 milhões de pessoas)”.

Por sua vez, o secretário municipal de saúde e dublê de vereador, panfletariamente, afirmou que tal percentual poderia atingir 30% a 50% da população, ou seja, algo entre 1,8 milhões pessoas e 3 milhões de cariocas. Que variação estupenda! Transportando tais percentuais para o Estado seriam 7,5 milhões de infectados. Ninguém demonstra como se chega a tais percentuais. Chutômetro panfletário. Saúde é serviço essencial e deve ser tratada com a devida seriedade. Não é papel de gestor público inflar números, gerar medo e ansiedade, para tentar, posteriormente, demonstrar pseudo eficiência.

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