Enquanto uns viajam a Paris, outros morrem na fila dos hospitais

Enquanto uns viajam a Paris, outros morrem na fila dos hospitais

O deputado Luiz Paulo se indignou com uma matéria jornalística, que mostrava o Hospital Rocha Faria na Zona Oeste. Havia apenas uma médica atendendo. Estressada, fez um desabafo, mesmo sabendo que seria punida.

Enquanto uns viajam a Paris, outros morrem na fila dos hospitais 1

“A médica de plantão surtou em função de estar absolutamente solitária, atendendo a todos e não conseguindo dar conta do recado. Ela deu uma entrevista absolutamente chocante, dizendo que seria punida, mas que a saúde estava zerada e as pessoas estavam morrendo. E ela, diabética e tendo pressão alta, estava a ponto de explodir, porque não conseguia aguentar tanta demanda estando ali solitária e, depois, a reportagem mostra a calamidade de dezenas de pessoas sem conseguir atendimento – isto no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande. (…) duas questões me vieram à mente. A médica, claramente, diz que, ali perto do Rocha Faria, tem o Hospital Pedro II, que o Estado passou para a gestão do Município – o Hospital Rocha Faria é gestão do Estado, do Governador Sérgio Cabral e do Secretário Sérgio Cortes -, e continua sem dar o atendimento desejado.”

Ao mesmo tempo, aparece uma matéria veiculada em jornais sobre “Urgência e Emergência: uma nova saúde”. A publicidade custou uma fortuna, e foi paga com o dinheiro do Município, enquanto o Hospital Pedro II continua sem leitos, o Rocha Faria sem condições de atender à demanda, e pessoas morrendo.

Luiz Paulo, ao analisar este cenário, relembra que enquanto a população estava sofrendo nos corredores dos hospitais, fotografias em Paris eram tiradas, com direito a lenços na cabeça, estados de embriaguez, não só do secretário de Saúde,como de outros membros do Poder Executivo do Estado, dançando e comemorando.

“Dançando e comemorando, o quê? O que está acontecendo no Rocha Faria? A imagem é chocante e o contraditório, inexorável. (…)
Chega a ser cinismo o Prefeito de um município, o Sr. Eduardo Paes, gastar isso tudo em publicidade para vender à população a falsa informação de que a Saúde está funcionando. Esta matéria também, Sr. Presidente, não fui eu quem colocou no jornal, foi o Município do Rio de Janeiro, e a pagou com dinheiro público. Estamos só mostrando a realidade do noticiário.”

Luiz Paulo ainda lembra que na CPMI no Congresso Nacional, uma pessoa chave tem que ser convocada para esclarecimentos e certamente, a partir deste depoimento, outras pessoas poderão ser chamadas e talvez o quebra- cabeça seja desvendado.

“Há uma pessoa-chave a ser convocada pela CPMI do Congresso Nacional: o dono da Delta, o Sr. Fernando Cavendish. Se ele for convocado, levanto a hipótese de que alguns Ministros de Estado, alguns Governadores, alguns Prefeitos, muitos Secretários de Estado e alguns parlamentares poderão também ser arrolados para estar naquela CPI, porque 98% dos contratos da Delta foram firmados com o Governo Federal, 3,5 bilhões, com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, 1,5 bilhão, com outros estados e com dezenas de Prefeituras. Essa é uma pessoa-chave.”

“Hoje também tenho absoluta convicção de que a quebra do sigilo nacional da Delta vai revelar, neste nosso País, dados muitos interessantes que não estão nas gravações e que poderão envolver quiçá alguns Ministros, Governadores, Prefeitos, Secretários de Estado e parlamentares. Toco neste tema porque o assunto está muito pouco explorado.”

“O gerente regional da Delta pode ser convocado. O sigilo nacional foi quebrado, mas a Delta tem um dono, é o Sr. Fernando Cavendish. É necessário também observar a sociedade e os partidos políticos, com a sua dubiedade e timidez, especialmente como têm se comportado o Partido dos Trabalhadores, o PMDB e até alguns setores do próprio PSDB. Estão vacilantes! Ficam querendo reinventar a roda em vez de encarar a verdade. Encara a verdade quem não deve, não teme e não treme: vai e explica. Por que o medo de explicar? Não deve haver.”